Este número de LinguiStica, o primeiro de 2019, contribui para a celebração do Ano
Internacional das Línguas Indígenas, iniciativa da UNESCO para estimular a consciência da vasta
diversidade linguística e cultural do mundo. Continuamos, também, o empreendimento que produziu
um primeiro volume contendo doze narrativas, analisadas, em línguas amazônicas (STENZEL &
FRANCHETTO, 2017, foco da resenha de Andrew Nevins neste número), cujo objetivo foi o de
permitir acesso e maior visibilidade às artes verbais dos povos indígenas. O sucesso dessa primeira
publicação, junto a pesquisadores indígenas e não indígenas, nos levou a organizar uma segunda
coletânea de execuções de artes verbais indígenas com introdução e traduções bilíngues, em português
ou espanhol e inglês. Como na publicação anterior, os textos agora publicados mostram o crescente
envolvimento dos povos indígenas na documentação, dando voz às suas perspectivas e aos seus
conhecimentos. Renova-se, também, a tradição das análises de textos como parte importante da
documentação linguística e etnográfica, bem como o reconhecimento de artes da palavra como fontes
para o entendimento de formas e práticas de vida e pensamento. São estes os tópicos da “roda de
conversa” - Com a palavra, os pesquisadores indígenas -, transcrita e editada, que substitui a sessão
“entrevista” e que representa uma novidade não presente no volume anterior. Reunimos professores
e estudantes indígenas de pós-graduação para que eles conversassem sobre tradição e inovação nas
artes das palavras ameríndias.
Os doze textos que compõem esta coletânea provêm de vozes femininas e masculinas de
doze povos indígenas da América do Sul, que falam línguas geneticamente distintas e que habitam
territórios da bacia amazônica até o Gran Chaco no Paraguay (vejam o mapa abaixo). São vozes dos
Guajá (Tupi, Tupi-Guaraní), que vivem no estado do Maranhão (nordeste brasileiro), e dos Krahô
(Jê, Timbira), em Tocantins, o estado vizinho a sudoeste. Indo para o Brasil central, temos narrativas dos Ikpeng (Karib), em Mato Grosso, and, novamente para oeste, dos Wayoro (Tupi, Tuparí) e dos
Karitiana (Tupi, Arikém), ambos em Rondônia. Os Dâw (Naduhup) e Wa’ikhana (Tukano Oriental)
vivem no noroeste brasileiro, na fronteira com a Colômbia, e encontramos os Muruí (Witoto) no sul da
Colômbia e norte do Peru. Não muito longe, entre Brasil, Colombia e Peru, e entre os rios Putumayo
e Amazonas, está o território Tikuna (isolada, condição ainda em discussão), com os Iskonawa (Pano)
na Amazônia peruana mais ao sul. Finalmente, indo para sudeste, estão os Guató (isolada) da região
do Pantanal, em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, e, ainda, os Maká (Mataguayan) no Paraguay.
Author(s): Kristine Stenzel, Bruna Franchetto, (eds.)
Series: Revista Linguística , 15(1)
Publisher: Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Year: 2019
Language: Portuguese; English
Pages: 445
City: Rio de Janeiro
Tags: Amazonia; Amazon; South America; Sudamérica; Amazonian Linguistics; Lingüística amazónica; Peru; Morphology; Morfología; Tipología lingüística; Linguistic Typology; Verbal Art; Arte verbal; Peru; Brasil; Brazil
6 Introdução
Celebrando as línguas indígenas: diversidade, artes, memórias
por Bruna Franchetto e Kristine Stenzel
18 Entrevista
Com a palavra os pesquidores indígenas
Augusto de Alencar e Bruna Franchetto (Organizadores)
40 Review of On this and other worlds: voices from Amazonia (2017)
Edited by Kristine Stenzel and Bruna Franchetto. Press. Andrew Nevins
50 Murui - Naie Jiyakɨno - El lugar de origen
Lucio Agga Calderón ‘Kaziya Buinaima’, Katarzyna I. Wojtylak,
Juan Alvaro Echeverri
88 Tikuna - Fènǖèkǖ rǜ âi - El Cazador y el Tigre
Denis Bertet, Loida Ángel Ruiz e Eulalia Ángel Ruiz
131 Guajá - Kamixatuhujaxa’amỹ jawajaxa’amỹ hajkaminũ ta xi haraka -
O finado dono do jabuti queria transar com o finado dono do jaguar
Flávia de Freitas Berto, Guilherme Ramos Cardoso, Hajkaramykỹ Awa
Guajá, Ytatxĩ Guajá, Manatxika Guajá e Tatuxa’a Awa Guajá
175 Dâw - Waa dâr tuuw - O caminho dos antepassados
Karolin Obert, Mocita Morães Marques, Pedro Morães de Sousa,
Maria Auxiliadora de Sousa Castro e Nazaré de Sousa Castro
212 Maká - Pa’ ɫawjayax naats’ajkinak - La chicha de maíz fermentado
Temis Lucía Tacconi e Pablo Taqalakui
231 Krahô - Mẽ aquêtjê jakàmpê - No lugar de teus antepassados –
Um chamado ao pátio Krahô
Ian Packer, José Miguel Cõc, Elton Hiku e José Miguel Cõc
271 Guató - Mani gotod͡ʒókwẽ
́ maegúhi mani gévɯ́ -
O guaribão pegou uma mulher
Kristina Balykova, Gustavo Godoy e Eufrásia Ferreira
303 Ikpeng - Puron Mïran - História do sapo
Angela Fabiola Alves Chagas, Ayre Txicão (narradora),
Kay Txicão (tradutor) e Maiua Txicão (revisor da tradução)
336 Wayoro (Wajuru) - Tuero nderap eriat - A Dona do preparo da chicha
Antônia Fernanda de Souza Nogueira, Paulina Macurap e Julieta Wajuru
357 Iskonawa - Rewinki - Canciones de la fiesta de toma de chicha de maíz
Carolina Rodríguez Alzza, Pablo Sangama Rodríguez,
Nelita Rodríguez Campos e Germán Campos Rodríguez
384 Wa’ikhana - Wehsepʉ buude wehẽgʉ ehsamii emo sañodukugʉ tʉ’osuaʉ
- Fui à roça caçar a cutia. Ouvindo o grito do macaco guariba no mato, fui
atrás
Kristine Stenzel, Bruna Cezario, Tomás Nogueira, Dionísio Nogueira e
Edgar Cardoso
418 Karitiana - Gokyp - O Sol
Luciana R. Storto, Garcia Karitiana e Nelson Karitiana