Este livro traz vários enfoques novos para a compreensão do enigma em que se transformou a arte oficial de nosso tempo. Primeiro é uma análise multidisciplinar. Em segundo lugar, Affonso Romano de Sant'Anna traz, pela primeira vez para o espaço da crítica de arte, elementos da linguística, da retórica e da filosofia, que são os mais eficazes para se analisar a "arte conceitual".
Segundo o autor, "temos que enfrentar o problema da linguagem e a linguagem do problema". Ou seja, a linguagem utilizada por alguns artistas e ensaístas constitui um problema que não tem sido considerado. Por isto ele vai fundo ao rever os sofismas fundadores da arte de nosso tempo. Afastando-se dos lugares-comuns e repetições registrados nos livros de história da arte, passa a pente-fino as alucinações críticas de brilhantes escritores como Octavio Paz, Jacques Derrida, Roland Barthes, Jean Clair e outros. Desenvolve uma fascinante operação de restituir Duchamp a Duchamp, a despeito de Duchamp e dos seus seguidores.
Com este livro, Affonso dá continuação a um trabalho tornado mais visível com Desconstruir Duchamp e A cegueira e o saber. Além de ser crítico e ensaísta, o autor, como reconhecido poeta, é também um criador, e como tal tem experiência suficiente para detectar os diversos tipos de falácias tanto da teoria quanto da arte contemporânea. Se na primeira parte do livro o autor faz uma analise objetiva de obras, nas seguintes, como pensador da cultura, enfrenta a urgência de se criar uma nova episteme, que, ultrapassando a modernidade e a pós-modernidade, vá além do "relativismo", da vulgata da "certeza da incerteza" e nos possibilite ver, ainda que cruamente, que certos enigmas de nossa época não passam de conjuntos vazios.
Author(s): Affonso Romano de Sant’Anna
Edition: 1ª
Publisher: Rocco Digital
Year: 2008
Language: Portuguese
Pages: 597
City: Rio de Janeiro/RJ
Tags: 1. Artes plásticas. 2. Crítica de arte.
Sumário
PRIMEIRA PARTE
“Eles estão jogando o jogo deles
Eles estão jogando de não jogar o jogo”
I Octavio Paz e as alucinações transparentes em “O Grande Vidro”
1. O mito transparece
2. Enigma, zen-budismo e a teologia do nada
3. A crítica como busca do Santo Graal
4. Jung: presente/ausente e o esoterismo
5. Novela da paixão crítica
6. Estratégia da indecisão
7. Duchamp: o jogo da presença/ausência
8. O indiferente, o excêntrico e o humor
9. Formas falsas do neutro
10. Da cegueira (crítica) ao voyeurismo
11. Ver, não ver, desver
12. Alucinação crítica
II Jean Clair e o jogo dos sete erros
1. Ponto de partida
2. Certas contradições
3. Alerta epistemológico
4. Proposições
5. O jogo dos sete erros
6. Marcel Duchamp e Leonardo: semelhanças/diferenças?
7. Perversões críticas em torno do andrógino
8. Alucinações críticas em torno do urinol
9. Considerações sobre a imundície
10. O sagrado, o imundo, o artístico
III Na sapataria de Jacques Derrida
1. Pontapé inicial
2. Quem fala pela obra?
3. A morte dos pares de sapato
4. Onde o sujeito perde o pé
5. Riscos da action writing
6. Fantasmas emoldurados no passe-partout
7. Alucinação, alucinógenos e a aventura de comprar sapatos
IV Roland Barthes ou as visões de Hildegarda
1. Par où commencer?
2. Partindo para a análise
3. De Virgil a Virgil
4. De Virgil às visões de Hildegarda
V A carta roubada, o roubo dos significados
SEGUNDA PARTE
“Se eu lhes mostrar que os vejo tal qual eles estão quebrarei as regras de seu jogo”
O problema da linguagem e a linguagem do problema
1. O silogismo em sua fonte
2. Sofisma, a linguagem como jogo
3. Ardis do histrião persuasor
4. O silogismo da fonte
5. O sofisma fundador
6. Sofisma e indiferenciação crítica
7. Duchamp e a etimologia equivocada de “arte”
8. O declive chega ao abismo
9. Cidadão acima de qualquer suspeita?
10. O paradoxo do mentiroso e o pseudo
11. Arte da mentira e o placebo
12. As marmotas e o Branco sobre o branco
13. O branco e o arco-íris verbal
14. Paralisia do conhecimento: Zenão e Duchamp
15. O oximoro: metáfora epistemológica
16. Indo ao Ocidente pelo Oriente
17. Dupla armadilha verbal
18. Discurso que se enrola
TERCEIRA PARTE
“Alguma coisa não vai bem” ou a crise do paradigma
1. A exaustão do paradigma
2. Além dos nove pontos
3. Ultrapassar o impasse
4. Além de certas incertezas
5. O caos não é tão caótico e a entropia idem
6. Coda: fim de jogo/começo de jogo
QUARTA PARTE
Suplemento
1. Artes e artimanhas do mercado
2. A polimorfia da perversão
3. Entre o moderno e o eterno
Índice de nomes e termos selecionados
Índice de autores
Índice de ilustrações