A história contemporânea de Angola é inseparável das guerras e conflitos que duraram entre 1961 e 2002, incluindo as Lutas de Libertação nacional e a Guerra Civil após a independência. Um dos aspetos mais marcantes destas guerras foi a participação das mulheres como combatentes.
Num contexto social de dominação masculina, esta participação nem sempre significou, para estas mulheres, maior visibilidade, e a verdade é que, depois das guerras, muitas foram esquecidas. No entanto, não há como negar que a participação das mulheres na Luta Armada reforçou a luta pela emancipação feminina e igualdade de género, já que elas assumiram papéis que lhes estavam interditos anteriormente.
Num trabalho que resulta da sua tese de doutoramento em Antropologia, Margarida Paredes cria um arquivo de memórias no feminino sobre crimes coloniais, resistência anticolonial, Luta de Libertação e Guerra Civil, bem como sobre conflitos internos, como o 27 de Maio de 1977, onde realça o comando do Destacamento Feminino das FAPLA na sublevação militar e a repressão que vitimou as comandantes após a revolta.
«Resgatar um palimpsesto de memórias de guerra é recuperar uma multiplicidade de passados e percursos de vida que, se por um lado foram de violência, sofrimento, humilhação, traumas, perdas, rancor e tragédia, também foram de resistência, luta, criatividade, inovação, superação, paixão, amor, solidariedade e esperança.»
Author(s): Margarida Paredes
Edition: 1
Publisher: Verso da História
Year: 2015
Language: Portuguese
Pages: 504
City: Vila do Conde, Portugal