Marco referencial no campo dos estudos de gênero, o livro da socióloga nigeriana Oyèrónkẹ́ Oyěwùmí oferece uma nova maneira de compreender o papel social da mulher a partir de referências africanas, especificamente da cultura iorubá.
A pesquisa, resultado de sua tese de doutorado, revela como a ideologia do determinismo biológico está no cerne das categorias sociais ocidentais – a ideia de que a biologia fornece a base lógica para organizar o mundo social. Em oposição, a autora mostra como conceitos baseados no corpo não eram centrais na organização das sociedades iorubás antes da colonização.
Dessa maneira, sua análise acaba por destacar a natureza contraditória de dois pressupostos fundamentais da teoria feminista: que o gênero é socialmente construído e que a subordinação das mulheres é universal. Na recuperação dos conceitos africanos, apagados pela experiência colonial, A invenção das mulheres apresenta uma crítica da tradição ocidental que alterou o modo como os estudos de gênero se articulam, expandindo significativamente o seu campo de análise.
Author(s): Oyèrónkẹ́ Oyěwùmí
Edition: 1ª
Publisher: Bazar do Tempo
Year: 2021
Language: Portuguese
Commentary: The Invention Of Women: Making an African Sense Of Western
Pages: 718
City: Rio de Janeiro/RJ
Tags: 1. Mulheres – Condições sociais. 2. Mulheres – Iorubá – História. 3. Iorubá (Povo africano). 4. Filosofia iorubá. 5. Corpo humano – Aspectos sociais – Nigéria.
Sumário
Prefácio
Visualizando o corpo: Teorias ocidentais e sujeitos africanos
A ordem social e a biologia: naturais ou construídas?
A “sororarquia”: o feminismo e sua “outra”
Hegemonia ocidental nos Estudos Africanos
Escrevendo os povos iorubás em inglês: propagando o Ocidente
(Re)constituindo a cosmologia e as instituições socioculturais Oyó-Iorubás
Articulando a cosmopercepção iorubá
Colocando a mulher em seu devido lugar
Distinções necessárias sem diferença
Senioridade: o vocabulário da cultura e a linguagem do status
Hierarquias de Linhagem: o Ilé, cônjuges jovens e irmã(os) de mais idade
Descendência: agnática ou cognática?
Casamento: um assunto de família
Aya e alguns aspectos da estrutura social
Debates estruturados a partir do gênero: dote, poligamia, acesso e controle sexual
Visões generificadas: espaços, rostos e lugares na divisão do trabalho
Questionando a estrutura de gênero
Decompondo o conceito de uma divisão generificada do trabalho
Gênero como construção teórica e ideológica
Fazendo história, criando gênero: a invenção de homens e reis na escrita das tradições orais de Oyó
Encontrando o rei em cada homem
Falando a história: escutando os homens
Retransmitindo a história: a veiculação dos homens
Interpretando a história: criando homens
A residualização das “mulheres” e a feminização da Ialodê
Imagens da história: arte oyó e o olho generificado
Colonizando corpos e mentes: gênero e colonialismo
O Estado do patriarcado
Aprimorando os machos: discriminação sexual na educação colonial
Masculinizando os orixás: preconceito sexual em lugares divinos
Mulheres sem terra
Tornando costumeiro o direito consuetudinário
Os salários da colonização
Tornando-se mulher, sendo invisível
A tradução das culturas: generificando a linguagem, a oralitura e a cosmopercepção iorubás
Traduzindo culturas
Fazendo gênero: uma pesquisa arriscada
Iorubá: uma língua sem gênero em um mundo repleto de gênero
Os semelhantes e diferentes mundos de gênero
Agradecimentos
Posfácio – Uma obra referencial para a afirmação do pensamento e dos modos de existências africanos | Claudia Miranda
Bibliografia
Índice remissivo