Há pouco tempo seria inimaginável alguém entrar no carro de um completo estranho para ir até o trabalho ou viajar para outro país e se instalar na casa de um mero desconhecido. Hoje, porém, vivemos na chamada economia do compartilhamento, por meio da qual a vida diária é facilitada por aplicativos e sites que conectam necessidades a indivíduos capazes de atendê-las. Uma representação palpável dessa cultura são as upstarts, a nova geração de empresas de tecnologia que têm revolucionado o Vale do Silício.
Em As upstarts, Brad Stone traz a história dos dois grandes expoentes desse fenômeno: a Uber e o Airbnb. Por meio de sua análise bem embasada e entrevistas com fundadores das duas empresas, vemos como o enorme ímpeto e autoconfiança de um empreendedor pode mudar o mundo e gerar fortunas, mas também turvar seu discernimento e ameaçar tudo o que foi conquistado. Em uma incursão pelo lado humano da tecnologia que aproximou pessoas, possibilitou trocas culturais, gerou renda para gente comum e criou uma genuína comunidade, vê-se também impactos não necessariamente positivos, como a reconfiguração de bairros inteiros e os ecos gerados no mercado imobiliário, a insatisfação de parceiros e conflitos com concorrentes, além de sérios questionamentos sobre ética, condições de trabalho e segurança dos usuários, que põem os governos em uma sinuca de bico regulatória e ameaçam setores tradicionais da economia.
Você pode nunca ter entrado em um carro da Uber ou se hospedado em um imóvel do Airbnb, mas com certeza tem sua vida e cidade impactadas por essas duas companhias e sentirá na pele os muitos desdobramentos das batalhas travadas por esses gigantes e as inovações que ainda estão por vir. Por isso, além de uma história de superação e sucesso, As upstarts é um retrato de uma era e leitura obrigatória para quem quer entender tanto o mundo de hoje quanto o que virá.