Mídias Ópticas - Curso em Berlim, 1999

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Este livro apresenta uma estimulante história das imagens que abrange desde as técnicas da perspectiva linear renascentista até a computação gráfica. Não se trata, porém, de uma abordagem tradicional que expõe uma evolução dos diversos aparatos de visualização ao longo dos séculos. O panorama de Kittler é mais sofisticado: ele parte dessa base para focalizar os princípios de arquivamento, transmissãoe computação, que têm conduzido as transformações. midiáticas da imagem até o início do século XXI. O que interessa ao autor são às mediações da luz realizadas a partir dos processos de sua captura, projeção e circulação por intermédio de câmaras escuras, lanternas mágicas, fotografias, cinemas, televisores e computadores. Trata-se de uma tentativa de sistematizar essas “mídias ópticas” de acordo com seus intercâmbios, os fundamentos tecnocientíficos que as gestaramgas redes discursivas que geraram, iluminandoseus respectivos contextos históricos. A partir de uma análise das técnicas de construçãodos “reinos pictóricos artificiais”, Kittler examina deque modo a imagem foi captada pela câmara obscurae, em seguida, propagada pela lanterna mágica,entre os séculos XV e XVIII. Além de serem artefatos de perspectivação e projeção da imagem, esses dispositivos tiveram uma comunhão estratégica com o surgimento das técnicas de impressão de livros e com a propaganda visual da Igreja Católica durante a Contrarreforma. Após a apresentação desses bastidores históricos,que aqui também aparecem assombrados por fantasmas e pelas imaginações do romantismo alemão, observa-se como as imagens foram capturadas e começaram a se 'mover no século XIX, graças à fotografia e ao filme. Além de enfocar o impacto causado por essas fantásticas “técnicas de duplicação e automação, Kittler também se detém na análise de certas ambiências que "sonharam" — com o advento do cinema, entre as quais se destacamas concepções operisticas de Richard Wagner. Quando os processos fotoquímicos e mecânicosreceberam o choque da eletricidade, no início do século XX,O filme irradiou-se por novos canais e a televisão foisurgindo como “um efeito colateral civil de uma eletrônica — essencialmente bélica”. Além de captar e arquivar imagens,“essa nova mídia também era capaz de transmiti-las simultaneamente, em franca sintonia com a lógica dos radares utilizados na Segunda Guerra Mundial. Por fim, o computador realiza a transfusão e a integração das diversas mídias, constituindo uma “máquina universal” com base no processamento digital de dados e nas transmissões por fibra óptica, um novo medium que sinalizou novos circuitos e conexões para a imagem e suas frequências. Í

Author(s): Friedrich Kittler
Publisher: Editora Contraponto
Year: 2016

Language: Portuguese
Pages: 343
City: Rio de Janeiro
Tags: História das Mídias; Medientheorie; Teoria Crítica; Comunicação Estratégica; Semiótica dos Meios Audiovisuais

Sumário
Prefácio à tradução russa 5
Prefácio à edição alemã 15

1. Pressupostos teóricos 3


2. Técnicas das artes visuais 59

2.1. Camera obscura e perspectiva linear s9
2.141. Pré-história 59
2.1.1.1, Gregos e árabes 63
2.1.2. A implementação 66
2.1.2.1. Brunelleschi 68
2.1.2.2. Alberti 79
2.1.3.0 impacto 85
2.1.3.1. À perspectiva e a impressão de livros 85
2.1.3.2. A impressão natural direta 88
2.1.3.3. O poder colonial da Europa 89

2.2. À laterna magica e o tempo da imagem do mundo 9
2.2.1. Lanternas mágicas em ação s2
2.2.2. A implementação 94
2.2.3. O impacto 96
2.2.3.1. A propaganda 96
2.2.3.2. O tempo da imagem do mundo de Heidegger 99
2.2.3.3. Os jesuítas e as mídias ópticas 100
2.2.3.4 O povo itinerante 108
2.2.3.5. As igrejas jesuítas 109
2.2.3.6. O teatro jesuíta na

2.3. Iluminismo e iconoclastia no
2.3.1. Brockes 120
2.3.2, A fenomenologia, de Lambert a Hegel 126
2.3.3, Os videntes de fantasmas 133
2.3.3.1. Schiller 139
2.3.3.2. Hoffmann 150
2.3.4. A poesia romântica 155


3. Mídias ópticas 163
3.1. Fotografia 163
3.1.1, Pré-história 163
3.1.2, A implementação 165
3.1.2.1, Niépce e Daguerre 173
3.1.2.2, Talbot 184
3.1.3. Pintura e fotografia, uma luta para os globos oculares 190
3.2. O filme 203
3.2.1. Prelúdios 203
3.2.2. A implementação 216
3.2.2.1, Marey e Muybridge 218
3.2.3. O filme mudo 225
3.2.4. O filme sonoro 269
3.2.5. O filme em cores 288
3.3, A televisão 296

4. O computador 323
Bibliografia 333