A musicalidade da prosa. A arte das palavras levadas ao extremo. A escrita de Bartolomeu Campos de Queirós mergulha na poesia e exsuda filosofia. O resultado são livros carregados de significado, que interrogam a existência, dissecam a condição humana e revelam a infância como fase de descobertas e conflitos. Mas a beleza de sua obra ultrapassa as fronteiras da criança ou rótulos. Bartolomeu pode ― e deve ― ser lido por todas as idades.
O escritor, morto em janeiro de 2012, é um dos mais importantes autores de literatura infantojuvenil do país. Dono de um Jabuti e do prêmio Ibero-Americano SM de Literatura Infantil e Juvenil de 2008, entre outros, foi, ainda, finalista de um dos mais prestigiados prêmios internacionais da categoria: o Hans Christian Andersen. Com obras traduzidas para o espanhol, inglês e até mesmo dinamarquês, deixa um vazio inestimável no cenário cultural brasileiro. Mas deixa, também, um livro inédito, de rara sensibilidade, ilustrado com o traço lúdico de Salmo Dansa. O fio da palavra explora a forma gráfica das palavras. A teia da inspiração, numa alusão à dificuldade de escrever. Como será que um autor escreve? Será que ele planeja ou tem a inspiração? Como conversar sobre isso? Cada escritor tem seu percurso, tem sua forma de se relacionar com o texto. Este livro é uma declaração de amor à escrita, a cada letra que é desenhada pelo poeta. E o que o leva a escrever? De palavras cheias de musicalidade: fio, novelo, sonho, pedra, fruto, miolo, Bartolomeu nos faz pensar sobre a nossa existência, cujo fio é mais fino do que a teia da aranha. Como uma metáfora da vida, O fio da palavra está para todas as idades, pela força poética, pelos jogos de palavras e pelo trabalho com questões tão universais: a vida, a morte, o amor, o brincar, o desenhar, o inscrever-se na literatura. Ser sujeito que lê e que escreve.
Sobre o Autor
Bartolomeu Campos de Queirós viveu sua infância em Papagaio, cidade pequena com gosto de “laranja-serra-d água”, no interior de Minas Gerais, antes de se instalar em Belo Horizonte, onde residiu e trabalhou. Seu interesse pela literatura e pelo ensino de arte o fez viajar muito por este país.
Conheceu as cidades apreciando azulejos e casas pacientemente. Um andarilho atento a cores, cheiros, sabores e sentidos que rodeiam as pessoas do lugar, com o mesmo encanto na alma com que observava os rios da Amazônia, dos quais costumava sentir saudades em Minas. Bartolomeu só fazia o que gostava, não cumpria compromissos sociais nem tarefas que não lhe pareciam substanciais. Dizia ter fôlego de gato, o que lhe permitiu nascer e morrer várias vezes.
“Sou frágil o suficiente para uma palavra me machucar, como sou forte o suficiente para uma palavra me ressuscitar.” Em 1974, publicou seu primeiro livro, O Peixe e o Pássaro; desde então, firmou seu estilo de escrita com uma prosa poética da mais alta qualidade. Ao longo da carreira, recebeu diversos prêmios, entre eles, o Jabuti, uma das maiores condecorações literárias do país. Bartolomeu faleceu em Janeiro de 2012, com 67 anos, em decorrência de insuficiência renal, deixando sua obra como maior legado.
Author(s): Bartolomeu Campos de Queirós
Edition: 1ª
Publisher: Record
Year: 2013
Language: Portuguese
Pages: 42
City: Rio de Janeiro/RJ
Tags: 1. Literatura brasileira