Como agrupamentos de pessoas viram movimentos organizados? Rejeitando a ênfase em indivíduos e multiplicidades, Multidões e partido reitera a necessidade de repensar o sujeito coletivo da política e demonstra a importância de ver o partido enquanto organização capaz de revigorar a prática política. Partindo de exemplos como o Occupy Wall Street, Jodi Dean destaca uma contradição interna desses movimentos: o individualismo de correntes ideológicas democráticas, anarquistas e horizontalistas acaba por minar o poder coletivo que de início se almejava. Citando outros acontecimentos da mesma época, a autora argumenta que discussões anteriores deixaram de considerar as dimensões afetivas da forma partido, bem como a maneira pela qual esta viabiliza a formação de vínculos entre as pessoas: "A celebração da individualidade autônoma nos impede de colocar em primeiro plano o que temos em comum e, assim, nos organizar politicamente", escreve. Ensaio sintético com recorte e análise bastante originais, reabilita tradição e prática comunistas clássicas sem apelo a tradicionalismo ou nostalgia, mobilizando linguagem, abordagem e arcabouço teórico ancorados na atualidade política e na filosofia e teoria social contemporâneas: "Recorro a Robert Michels e Jacques Lacan para pensar os afetos que o partido gera e os processos inconscientes que ele mobiliza [...]. A função do partido é manter aberta uma lacuna em nosso ambiente, a fim de possibilitar um desejo coletivo por coletividade", diz.
Author(s): Jodi Dean
Edition: 1
Publisher: Boitempo Editorial
Year: 2022
Language: Brazilian Portuguese
Pages: 352
Tags: socialism, communism
Agradecimentos
Introdução
1. Nada pessoal
2. O cercamento do sujeito
3. O povo como sujeito: entre multidão e partido
4. Mais que muitos
5. A dinâmica passional do Partido Comunista
Conclusão
Índice
Referências bibliográficas
Sobre a autora