Prefácio
“SIMPLES COMO FREINET” representa, sem dúvida, contribuição muito oportuna no atuai momento da educação brasileira, por um lado, ainda presa a preconceitos e fórmulas arcaicas, por outro, sem metas e perspectivas claras no que pretende ser de “moderna.”
Fruto de vivências e experiências profissionais, o autor, com a lucidez que lhe é peculiar, percebeu a urgente necessidade de reverter esse quadro procurando resgatar o papel do professor “como cúmplice do saber da criança”, o espaço da criatividade nas atividades pedagógicas, a relação educativa espontânea e autêntica, além do prazer e da liberdade no convívio escolar.
Tendo por referência sua visão do pré-escolar de hoje, esse trabalho traz à tona a rica contribuição de Célestin Freinet, precursor da Escola Moderna, caracterizada pela simplicidade, o bom-senso e o respeito à natureza.
Aliás, já dizia o famoso escritor Milan Kundera, “dominar a complexidade da existência no mundo moderno exige técnica de elipse e de condensação que nos leve a ir sempre e diretamente ao âmago das coisas”, aconselhando uma atitude de despojamento e de simplicidade, sobretudo, ao se tratar de assuntos polêmicos. Em geral, quando se debate sobre a educação brasileira é permanente a retórica vazia, o uso de outros desviantes, as propostas sofisticadas e pouco consistentes que levam a caminhos estéreis, ou seja, o oposto do acima citado.
O denominado “Livro da Vida”, criado por Freinet, expressa a filosofia educacional que difundiu, pois registra de forma simples e autêntica tanto as anotações e registros do dia- a-dia dos professores, como dos alunos, através de suas falas, desenhos, histórias, destacando as leis claras da vida, para ele base de toda cultura.
No decorrer dessa publicação destaque especial e dado ao espaço do lúdico, a personalização do processo do aprender, a pedagogia do sucesso, ao desenvolvimento das potencialidades de cada um, seja ele de qualquer faixa etária, a liberdade de ação, acompanha de planejamento adequado das ações educativas, levando sempre à troca social e à comunicação nos grupos.
Com o intuito de ajudar os educadores apresenta exemplos concretos, e resultados de experiências educativas, além de dar sugestões de planos de trabalho.
Ao destacar que “Educar não significa estar na sala, de aula, cumprindo horário, tarefas ou memorizando conteúdos. E muito mais do que isso. É dar vida ativa ao processo que fará do educando um ser critico, livre e com responsabilidade para assumir o próprio conceito de democracia” endossa os princípios básicos do binômio ensinar - aprender em qualquer situação de escolaridade.
No decorrer do texto aborda as funções dos ateliês, de maneira objetiva e correta, enfatizando que devem levar o aluno a experimentar, criar e recriar, esgotando possibilidades e facilitando a socialização, sugerindo não só atividades, como rica variedade de materiais e dos modos de utililiza-los, sempre com a intenção de provocar na criança o seu crescimento pessoal e social.
Ênfase é, igualmente, dada à utilização da reprografia e do uso do limógrafo que permite a desmistificação da imprensa e introduz os alunos nos domínios da luta impressa e do registro gráfico permanente.
Ao referir-se ao documento do próprio Freinet sobre as invariantes pedagógicas, que como o próprio termo diz, refere- se aquilo que não pode variar, o autor desse trabalho propõe código pedagógico criativo para orientar os professores, apresentando testes práticos que podem ser utilizados na rotina pedagógica, cotejando as invariantes com possíveis técnicas empregadas pelos educadores.
Em síntese, trata-se de publicação simples na forma de sua apresentação, mas consistente no seu conteúdo; criativa na sua elaboração e muito objetiva nos seus propósitos que, sobretudo, rende uma justa homenagem à valiosa e sempre atual contribuição de Freinet, para muitos educadores ainda desconhecido, mas que tem seu lugar como pioneiro na Escola Moderna.
Author(s): Audir Bastos Filho
Year: 1996
Language: Portuguese
Pages: 96
City: Rio de Janeiro
Tags: freinet, pedagogia, pedagogie, pedagogy, educação, education
Sumário
Prefácio 13
Introdução 17
Pedagogia Treinei 19
Pro fessor - Educador ou a imposição do poder 22
Espaço e ambientação 24
Escola ou depósito de crianças? 25
Vamos conversar? 26
Planejar - uma verdade, uma necessidade 28
Experiências "trocadas "ajudam a crescer 33
O livro da vida 34
Excursões que enriquecem 37
Que são álbuns 39
Projetos e atividades 40
E na escola que se começa a fazer um jornal 42
Vamos nos corresponder? 43
Tão espontânea quanto a criança, a leitura e a escrita conversam com você 44
Ateliês ou momentos do crescer? 46
Vamos incentivar a leitura 47
Do alicerce à construção / 47
Sugestões de materiais / 48
No jogo simbólico, mais um dado para a realidade / 48
Como vai, mestre cuca ? / 49
Mãos à obra, com agulha e linha 50
A hora e a vez da madeira 51
1, 2, 3, vamos à Matemática! 53
Um desenho aqui, um recorte ali. uma colagem acolá - um verdadeiro tesouro 54
Nascemos nela e adoramos trabalhar com ela para depois modelarmos com o auxílio dela / 55
Pintar o sete para colorir o coração! / 56
O direito de registrar no prazer de imprimir 57
Das experiências, o inicio do trabalho diversificado 59
A reprografia e o limógrafo 61
Por que usar o limógrafo? 63
Para você ler com atenção / 66
Princípios do Escola Moderna 83
Bibliografia sumária das publicações de Freinet em Espanhol e Português 90
Referências bibliográficas 91