Neste trabalho de reconstrução histórica do sentido da militância e do ativismo, Jodi Dean traz uma oportuna arqueologia da esquecida e seminal figura do camarada. Passando pela literatura, pelo cinema, pela psicanálise e pela história, ela nos mostra como a política é feita de laços e amizades, de sentimentos e apostas. Em torno da noção de camarada, ela nos faz lembrar como o desejo circula nessa formação ética tão particular, capaz de reunir em si disciplina, alegria, entusiasmo e coragem.
A autora nos mostra que o camarada, longe de se ver representado apenas na figura do homem branco europeu – ainda que nascido no contexto do partido –, há muito a supera e transcende. Sob esse significante de resistência, reúnem-se múltiplas formas de vida e identidades caracterizadas por uma condição comum, de luta pela igualdade e pela solidariedade.
Comunistas, socialistas, anarquistas, cooperativistas são todos camaradas; mas, ainda que ele possa ser qualquer um, nem todo mundo pode ser um camarada. Há, portanto, um diagnóstico que atravessa o elogio do camarada mostrando que este declina enquanto figura política à medida que a forma da luta se torna cada vez mais o indivíduo e seu mais-de-gozar particular, que é a identidade. A diferença entre ser igual e desejar na mesma direção torna-se, assim, crucial. E é nessa posição terceira que convém a verdade que o camarada é um indutor da experiência do comum, experiência orientada pela fidelidade a uma verdade.
Author(s): Jodi Dean
Edition: 1
Publisher: Boitempo
Year: 2021
Language: Portuguese
Pages: 195
City: São Paulo
Tags: Camaradas, Comunismo, Socialismo, Política, Partido
Prefácio desta edição, por Jodi Dean
1. De aliados a camaradas
2. O camarada genérico
3. Quatro teses sobre o camarada
4. Você não é meu camarada
Referências bibliográficas
Sobre a autora